sexta-feira, 12 de maio de 2017

APÓSTOLOS

Os apóstolos: É possível haver apóstolos nos dias de hoje?



A teologia reformada nega a possibilidade da existência de apóstolos investidos de autoridade nos dias de hoje. No entanto, algumas tradições cristãs ainda ordenam pessoas como apóstolos. O catolicismo, por exemplo, insiste que certos elementos da função e autoridade que outrora pertencia aos apóstolos foram transmitidos aos bispos mediante a sucessão apostólica, sem as prerrogativas pessoais relativas aos apóstolos propriamente ditos. Em decorrência disso, os católicos acreditam que os bispos possuem, coletivamente, o direito de julgar a doutrina com autoridade, do mesmo modo como os apóstolos tinham autoridade num nível individual. Num certo sentido, acreditam na continuação de uma forma modificada do apostolado. Apesar de algumas tradições protestantes também crerem que o apostolado continua a existir, normalmente fazem algum tipo de distinção entre os primeiros apóstolos e os apóstolos modernos.
                A Bíblia emprega o termo “apóstolo” com dois sentidos diferentes. Por um lado, a designação se aplica a um dos “Doze”, isto é, do grupo inicial de doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2-4), considerando a substituição posterior de Judas Iscariotes por Matias (At 1.15-26) e o acréscimo de Paulo (p. ex. Tt 1.1). Esse modo de uso se refere ao ofício de apóstolo comissionado por Deus, investido de autoridade e do poder de realizar milagres e é o sentido mais comum no Novo Testamento. O termo é empregado com essa acepção nas passagens que descrevem os requisitos para o apostolado (At 1.15-26,; 1Co 9.1-2; 15.7-8; 2Co 12.12; Gl 1.1), ou seja: ter visto e sido ensinado pelo Senhor Jesus (At 1.20-26; 1Co 9.1; Gl 1.11-18); realizar sinais, prodígios e milagres (2 Co 12.12); e ter recebido a comissão direta de Deus (At 1.24-26). Quando os teólogos reformados negam a possibilidade de apóstolos modernos, estão se referindo a esse tipo de apostolado.
                Os teólogos reformados apresentam vários motivos pelos quais não é mais possível haver apóstolos investidos de autoridade nos dias de hoje. (1) Paulo foi a última pessoa para qual o Senhor apareceu depois de ter ressuscitado, e as circunstâncias desse acontecimento são tão extraordinárias que não devemos esperar que se repitam (1Co 15.8). O encontro pessoal com o Senhor, uma das qualificações para o apostolado (1Co 9.1), exclui, portanto, apóstolos modernos. (2) O apostolado tem um sentido fundamental, ou seja, diz respeito apenas ao período de fundação da igreja (1Co 3.10-12; Ef 2.20). (3) Paulo reconheceu o apostolado como o melhor dom espiritual e incentivou os cristãos a buscarem os melhores dons (1Co 12.28-31). Não obstante, incentivou os cristãos a almejarem o segundo melhor dom: a profecia (1Co 12.28; 14.1), mostrando que pressupunha a impossibilidade de outros cristãos se tornarem apóstolos.
                Por outro lado, o termo grego traduzido como “apóstolo” também é usado para se referir a outras pessoas além dos Doze e Paulo, como Andrônico e Júnias (Rm 16.7), Barnabé (1Co 9.5-6), irmãos cujos nomes não são citados (traduzido como “mensageiros” em 2 Co 8.23), Tiago (Gl 1.19), Epafrodito (traduzido como “mensageiro” em Fp 2.25), e Silas e Timóteo (1Ts 2.6-7; cf. 1.1). Não é possível que todos esses indivíduos preenchessem os requisitos mencionados anteriormente; Timóteo, por exemplo, nunca viu pessoalmente o Senhor ressuscitado. Ademais, a Bíblia não dá nenhuma indicação de que algum desses cristãos tenha recebido o seu chamado ao ministério diretamente de Deus. Nesses casos, o significado de “apóstolo” é mais geral, referindo-se àqueles que eram comissionados e enviados pela igreja para a obra do ministério ou simplesmente como mensageiros. Essas pessoas não possuíam a autoridade delegada de Cristo. É possível que a distinção entre esse significado e aquele de apóstolo investido de autoridade se reflita na descrição de Paulo e Pedro como apóstolos “de Jesus Cristo” (1Co 1.1.; 2Co 1.1.; Ef 1.1.; 1Tm 1.1.; 2Tm 1.1.; cf. Tt 1.1, 1Pe 1.1.; 2Pe 1.1), enquanto certos irmãos cujos nomes não são citados eram apóstolos ou mensageiros “das igrejas” (veja 2 Co 8.23, onde “mensageiros” é o mesmo termo grego traduzido em outras passagens como “apóstolos”). Apóstolos desse tipo ainda podem existir nos dias de hoje.

Fonte: Artigo da Bíblia de Estudo de Genebra.

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